27/10/2022
A questão da mulher negra no ambiente acadêmico e no mercado de trabalho, ainda no século XXI, é problemática, mas essa problematização vem desde a época escravocrata, quando mulheres negras, eram amas de leite, cuidavam dos filhos dos senhores de engenho e das atividades do lar.
O fato de a mulher negra escrava estar sempre voltada a servir famílias, fez com que essas mulheres demorassem mais para chegar ao mercado de trabalho, e isso influencia nas oportunidades que essas receberam, a inclusão não foi, e ainda não é igualitária.
As mulheres negras são as que menos conseguem a ascensão social, porque suas oportunidades não são as mesmas. Normalmente as oportunidades para essas mulheres são no ambiente doméstico, um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) indica que mulheres ocupam 92% das ocupações domésticas, dessas 65% são negras, que em números representam 3 milhões de mulheres negras.
A filósofa Angela Davis diz que “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, deste modo, podemos entender que mulheres negras são a base da pirâmide que representa a sociedade, e ainda assim, são as que enfrentam maiores dificuldades no mercado de trabalho em que a mão de obra negra é considerada econômica para empresas.
Mulheres negras ocupam menos de 4,9% dos cargos de liderança e decisão nas organizações. As dificuldades não se restringem apenas às raras oportunidades, elas também existem nas questões salariais, mulheres negras são as que possuem os piores salários, mesmo quando alcançam o mesmo patamar educacional.
Uma pesquisa feita pelo instituto Insper apontou que um homem branco tem um salário médio 159% maior do que uma mulher negra no país, realidade complexa, quando analisamos o índice de mães solo no Brasil, que conforme IBGE, ultrapassa 11 milhões, sendo, 7,4 milhões de mães negras, que são as únicas responsáveis pela renda familiar.
Quando temos homens brancos e mulheres negras no mesmo patamar educacional ainda assim há uma diferença salarial discrepante, passamos a entender que a questão não é a capacidade intelectual, e chegamos à conclusão que ainda não há diversidade no ambiente de trabalho e tão pouco a ascensão de mulheres negras.
Sou Lethycia, nascida em São João da Boa Vista, (que tem o por do sol mais lindo que ja vi na vida) e atualmente morando “sozinha” pela primeira vez em Poços de Caldas (a melhor cidade vulcânica do interior de minas), to pertinho de casa, mas ja me sinto grande. Sempre lutei muito pela minha independência, a meta é ser a velha da minha lancha, e estou lutando pra isso todos os dias, seja no meu emprego CLT ou nos meus inúmeros freelas. Acredito muito que mulheres conseguem realizar todos os seus sonhos, principalmente no ambiente institucional, então estou sempre estudando para que isso aconteça, não consigo me sentir acomodada, talvez isso aconteça devido ao racismo, que faz com que pessoas negras tenham que se esforçar o dobro para alcançar seus sonhos, principalmente no mercado de trabalho, ja que nossas oportunidades são menores, independente do diploma, ser uma mulher negra, criada por mulheres negras me fez criar uma casca dura, eu luto mesmo, e por isso nao paro, sou mulher, negra e homossexual no Brasil de Bolsonaro, sou guerreira.