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26/07/2022

Falar de educação para pessoas trans pode ser um assunto delicado, infelizmente não é incomum que espaços de ensino não sejam seguros para nós. Eu tive o privilégio de ter resistido a toda perseguição e terminado o ensino médio na idade prevista, mas essa não é realidade para muites de nós e não julgo ninguém que abandonou a escola, pois as humilhações por ser uma pessoa trans são muitas.

Não muito tempo atrás começou a pipocar na internet vídeos de agressões sofridas por crianças e adolescentes trans no ambiente escolar. Isto é inaceitável, a escola é sim direito de todos e devemos nos posicionar e cobrar explicações e ações das secretarias de educação na luta contra a lgbtfobia

Para quem teve que abandonar a escola, terminá-la após a idade adulta traz algumas dificuldades, visto que o apoio familiar é pouco (muitas vezes nenhum), e comprometer várias horas do seu dia para estudos vira um desafio. Pensando nisso propostas de mudanças precisam ser criadas: aqui na cidade de São Paulo temos o programa Transcidadania que oferece uma bolsa-auxílio mensal para que pessoas trans possam concluir o ensino médio e adquirir mais qualificações profissionais. Ainda que o programa não seja perfeito é um exemplo a ser seguido por outras cidades. E onde você mora? Que tal começar a pressionar os políticos para criação de propostas similares? Ou melhor, que tal nessas próximas eleições elegermos mais pessoas trans?

Quando falamos de universidade, o assunto do momento é a criação de cotas para pessoas trans, algumas universidades já aderiram a essa modalidade de benefício social, mas ainda não é algo padrão para as universidades do todo o país. Você pode estar se perguntando, mas qual o motivo para a criação de cotas? Bom, como disse antes, pessoas trans sofrem diversas perseguições em seu ambiente escolar e mesmo que aquele jovem termine a escola, é mais que certo que seu desempenho escolar foi afetado; falando por mim, eu tive um absenteísmo muito grande já que ir para escola era ouvir piadinhas, ser tratada como diferente e ter medo de sofrer alguma agressão física. Aos que terminaram após a idade adulta, muitas vezes essas pessoas precisam equilibrar um trabalho junto com estudos, causando também uma performance inferior a de jovens que tiveram a oportunidade de se dedicar unicamente aos estudos. Por essas e outras razões se torna necessário que existam cotas para pessoas trans, pois devido às perseguições sociais esse público acaba por ser prejudicado em sua formação acadêmica.

Felizmente, nos últimos tempos tenho visto diversos projetos focados em oferecer cursos de qualidade e ações afirmativas para ajudar pessoas trans a se desenvolverem profissionalmente, eu mesma sou aluna do EducaTRANSforma, uma ONG que se propôs a ser um agente de transformação e garantir melhores condições para que pessoas trans e travestis tenha melhores oportunidades de ingressar no mercado formal. Recentemente também fui aceite para integrar o Acess Your Potential, um programa de aceleração de carreira que também foca as suas vagas em grupos historicamente perseguidos, como jovens negros, PCDs e LGBTQIA+. Além destes programas que citei recomendo aos interessades pesquisarem sobre as seguintes iniciativas: Tamo Juntes, TODXS, equi – empregabilidade trans e Mais Diversidade.

As dificuldades que pessoas trans e travestis enfrentam para se qualificar profissionalmente começam cedo em suas vidas, por isso convido a todos a apoiarem essa causa. Pais, conversem com os seus filhos, ensinem suas crianças a respeitarem as crianças trans e agirem contra a transfobia em seus círculos sociais. Vamos conversar com diretores e professores, procurar políticos e pedir projetos que auxiliem pessoas trans e apoiem e divulguem as iniciativas já existentes que buscam mudar a realidade que vivemos. É um clichê, mas se cada um fizer a sua parte, podemos alcançar a tão sonhada equidade.

 

 

Lua Gabriela.

Travesti, iniciei minha carreira numa empresa de logística, já tive meu próprio negócio e hoje atuo como gerente de um restaurante.

Na minha transição já passei por alguns momentos difíceis, como a perda de apoio familiar, perda de emprego, que me levou a ter que morar em abrigos até conseguir me reestruturar, mas nunca perdi a esperança e sempre soube que meu futuro seria muito mais grandioso.

Um grande foco para mim sempre foi a busca constante por novos aprendizados e desafios, por isso hoje faço diversos cursos (RH 4.0, Social Media e Produção de conteúdo, para citar alguns) além de estar cotada para outros projetos que me permitirão me tornar uma profissional mais multifacetada e qualificada.

Meu objetivo é me tornar uma líder e ativista pelos direitos de pessoas LGBTQIAP+, que meus futuros projetos possam estar gerando oportunidades para esse público e que assim nenhum de nós tenhamos que passar por condições de subsistência apenas por sermos quem somos.

Quem quiser saber mais sobre mim e acompanhar meus futuros projetos, é só me contatar pelas redes sociais, vamos trocar experiências e discutir como co-criar uma sociedade melhor, vou adorar conhecer a todes.

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