05/07/2022
Ultimamente muito tem sido falado sobre a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, o que pouco vem sendo dito é sobre as ferramentas e processos necessários para que essas pessoas se sintam realmente acolhidas dentro das organizações.
Em primeiro lugar podemos conversar sobre a necessidade da criação de vagas afirmativas, uma vez que é muito comum que em processos em que pessoas trans concorrem a uma vaga com pessoas cisgêneras, as marcas da exclusão social que essas pessoas sofreram aparecem em seu currículo quando comparado ao de seus concorrentes. Temos que lembrar que muitas pessoas trans não tiveram espaços de educação e crescimento pessoal e profissional como locais seguros e essas necessidades precisam ser entendidas pelas empresas que se propõem incluir a diversidade em seu quadro de funcionários.
Outro ponto é a necessidade de treinamento do time de recrutamento e seleção, visto que serão estes profissionais que terão o primeiro contato com os candidates, garantindo o respeito ao nome social e pronomes, e que a equipe tenha em mente todos os pontos ditos no parágrafo anterior e que a partir dessas informações se construa um novo olhar visando o que a organização poderá oferecer como suporte para o crescimento daquele candidate.
Uma vez dentro da empresa é preciso certificar que os direitos destes indivíduos sejam assegurados, é muito comum que uma vez que a organização contrata uma pessoa trans não seja mais dado nenhum tipo de suporte em caso de alguma violência de gênero que este colaborador possa vir a sofrer dentro daquele ambiente. Dessa forma, é fundamental que sejam criadas ferramentas para que caso aconteça alguma ocorrência devido à identidade de gênero do funcionárie, ele/a tenha as formas de denunciar e ter seus direitos respeitados e que as devidas medidas sejam aplicadas aos envolvidos.
Eu trabalho com atendimento ao cliente, nesse cenário já encontrei algumas situações sensíveis no contato com diversas pessoas, passando inclusive por episódios de transfobia vinda dos mesmos clientes. Nesse ambiente, o que uma empresa poderia fazer para lidar com esse tipo de ocorrência? Na minha visão em primeiro lugar a empresa precisa deixar claro para o colaborador que foi vítima, o quanto ele é importante para aquele time e o quanto a empresa lamenta aquela situação. Outro método a se pensar seria a empresa colocar avisos em locais onde os clientes frequentam demonstrando que naqueles espaços se respeitam os direitos de pessoas LGBTs, assim desencorajando que um eventual cliente tenha uma atitude preconceituosa. Essas são apenas algumas de várias medidas que podem ser tomadas na garantia da inclusão dessas pessoas.
Atualmente existem diversas empresas e profissionais que prestam consultoria para as organizações que se interessam em receber a diversidade em seus pilares. Uma vez que estudos apontam que empresas com diversidade e inclusão tem uma performance superior ao de empresas “não-diversas”, a contratação de especialistas em inclusão se torna uma opção viável e desejável para empresas que desejam aumentar seu faturamento, melhorar o clima organizacional, os resultados finais e valor de mercado.
Em suma, a real inclusão de corpos trans no mundo corporativo ainda precisa ser mais trabalhada, não basta apenas as organizações criarem uma vaga, é necessário também que medidas sejam tomadas para garantir um ambiente de trabalho digno, seguro e saudável para estes colaboradores, criando vagas afirmativas, treinamentos internos e ferramentas que assegurem os direitos de pessoas trans e travestis.
Lua Gabriela.
Travesti, iniciei minha carreira numa empresa de logística, já tive meu próprio negócio e hoje atuo como gerente de um restaurante.
Na minha transição já passei por alguns momentos difíceis, como a perda de apoio familiar, perda de emprego, que me levou a ter que morar em abrigos até conseguir me reestruturar, mas nunca perdi a esperança e sempre soube que meu futuro seria muito mais grandioso.
Um grande foco para mim sempre foi a busca constante por novos aprendizados e desafios, por isso hoje faço diversos cursos (RH 4.0, Social Media e Produção de conteúdo, para citar alguns) além de estar cotada para outros projetos que me permitirão me tornar uma profissional mais multifacetada e qualificada.
Meu objetivo é me tornar uma líder e ativista pelos direitos de pessoas LGBTQIAP+, que meus futuros projetos possam estar gerando oportunidades para esse público e que assim nenhum de nós tenhamos que passar por condições de subsistência apenas por sermos quem somos.
Quem quiser saber mais sobre mim e acompanhar meus futuros projetos, é só me contatar pelas redes sociais, vamos trocar experiências e discutir como co-criar uma sociedade melhor, vou adorar conhecer a todes.