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22/09/2022

A inclusão de pessoas trans, travestis e não-binárias no mercado de trabalho tem sido um assunto discutido com frequência na sociedade. Embora muitas empresas estejam mudando sua cultura interna em relação à diversidade de gênero, ainda há muito a ser feito para que a empregabilidade de pessoas trans seja uma realidade comum.

A responsabilidade social é um dos principais motivos pelo qual as empresas têm mostrado a importância da inclusão de transexuais no mercado de trabalho. No Brasil, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) , a cada 16 horas é registrada uma morte causada por transfobia. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e onde a expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos, metade daquela de uma pessoa cis. De acordo com estudos da Ordem dos Advogados do Brasil,  82% da população trans sofre com a evasão escolar e não concluem o ensino médio.

Muitos casos de violência acontecem no ambiente da prostituição, medida muitas vezes adotada como geradora de renda por falta de oportunidades de trabalho. Nesse ambiente, ficam vulneráveis a todo o tipo de violência não só física, mas também psicológica.

É sabido também que a ausência de oportunidades para essa parcela da sociedade comumente tem início na dificuldade em ter acesso à educação e a formação profissional. Mesmo quando a pessoa trans tem acesso à educação, qualificações e experiências profissionais, isso não garante a sua aprovação em processos seletivos, pois encontram preconceito, discriminação e ausência de políticas de respeito à diversidade.

Devido a isso, muitas pessoas trans ficaram apartadas do mercado de trabalho historicamente, gerando o cenário de exclusão. Segundo pesquisa apresentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em um grupo de 528 pessoas transexuais, apenas 16,7% estavam no mercado formal.

Investir em uma cultura interna diversa e inclusiva oferece muitos benefícios para a empresa, como:

  • Geração de novas ideias: a diversidade nas equipes estimula a produção de soluções inovadoras, visto que várias vivências e parcelas da sociedade estão representadas dentro da empresa. Dessa forma, é mais produtivo e há mais possibilidade de desenvolver serviços que atendam às expectativas de diferentes públicos-alvo.
  • Engajamento social: a ética e o respeito da organização pela diversidade elevam o engajamento de equipes e do público geral com a empresa. Isso acarreta o aumento da motivação e da produtividade dos funcionários.

Para que o processo seletivo e a experiência profissional sejam mais inclusivos e promovam o respeito pela diversidade de gênero, é preciso que as empresas tenham em vista direitos básicos como o respeito ao nome social e uso de pronomes de acordo com a autodenominação da pessoa trans. De acordo com o Decreto Nacional Nº 8.727, a lei ordena sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

É importante que as empresas, recrutadoras e organizações de terceiro setor desenvolvam e estimulem ações que facilitem a entrada de pessoas trans no mercado. Dessa forma, contribuirá para que essas pessoas tenham boas oportunidades profissionais e de desenvolvimento pessoal.

Algumas estratégias para o desenvolvimento de uma cultura interna inclusiva podem ser: o amplo apoio na promoção dos direitos de pessoas trans no ambiente de trabalho; estímulo à educação e instrução de colabores em relação aos direitos da comunidade trans; campanhas de marketing que representem o respeito à diversidade; benefícios trabalhistas adaptáveis à configurações de vida diversas (familiares, sociais entre outros exemplos); programas de treinamento direcionado à pessoas trans; capacitar os profissionais de recursos humanos para lidarem com demandas da comunidade trans; apoio psicológico; ações educativas de respeito e inclusão à diversidade que criem interações entre colaboradores.

Empresas que optam por contratar pessoas trans, estão crescendo de maneira significativa em sua cultura. Diversidade e respeito são importantes, juntes temos capacidade de mudar as estatísticas e promover um mercado de trabalho mais inclusivo!

 

Fontes:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-11/escola-e-primeiro-gargalo-insercao-de-pessoas-trans-no-mercado

https://www.generonumero.media/projetos-buscam-promover-inclusao-de-pessoas-trans-no-mercado-de-trabalho/

https://revistapesquisa.fapesp.br/as-barreiras-para-as-pessoas-trans/

 

 

Ana Souza é pessoa trans não-binário, nordestine, pansexual, comunicadore e Social Media. Idealizadore do coletivo @territoriodascores, e da página de arte @transpassagens, suas produções conectam artivismos, gênero e diversidade e contemporaneidades, e é apaixonade por criar pontes através das palavras. Escreveu um livro sobre poéticas queer e vida digital, e vive em busca de criar narrativas de comunicação entre-mundos

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