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19/07/2022

A síndrome do impostor pode ser definida como um estado psicológico caracterizado por uma autopercepção pejorativa da sua experiência, dos modos de compreender e de agir no mundo e das suas tomadas de decisões. Além dessas características, essa síndrome envolve também além da negação de suas próprias qualidades, o sentimento de estar vivendo uma farsa. É muito comum que esse sentimento seja compulsoriamente estimulado em pessoas que têm suas identidades e formas de expressões no mundo negadas.

O movimento Trans e travesti argumenta contra a compulsoriedade desse sentimento na construção das experiências trans e travestis. No dicionário pajubá (dicionário do dialeto e terminologias utilizadas por pessoas LGBTI+) temos a palavra embuste para referenciar pessoas falsas, de pouca estima e ardilosas, características similares às que acompanham a síndrome do impostor. Esse gancho é importante para refletirmos que apesar de haver um estímulo cultural para que pessoas trans amadureçam o sentimento de serem uma fraude, o movimento trans e LGBTI+ é responsável por formas autênticas de afirmar a legitimidade de suas experiências.

Mas não deixam de ser grandes os impactos da síndrome do impostor às subjetividades trans. Estudos recentes apontam que mais de 80% da população LGBTI+ sofrem de estresse, sendo as pessoas trans e as pessoas bissexuais as mais afetadas. É importante lembrar que o estresse é o grande responsável pelo desenvolvimento de quadros psicológicos sem precedentes. Assim como o estresse, a síndrome do impostor é resultado de um comportamento geral que coage todas as formas de expressões divergentes do modelo institucionalizado de normalidade.

Os sentimentos de estar a parte da sua realidade, fora do ninho ou seguindo sem rumo, podem ser sentimentos comuns em pessoas trans. As raízes desse sentimento são cultivadas em diferentes lugares. Desde seus próprios lares, onde muitos experienciam a expulsão de sua família antes mesmo da maioridade, até as escolas, ambientes religiosos e relacionamentos afetivos e/ou sexuais, onde a expulsão também se faz recorrente para pessoas trans. Toda essa negatividade para com a identidade de gênero de pessoas trans, acaba fazendo parte da vida dessas pessoas.

A síndrome do impostor pode ser vista como uma materialização da falta de aceitação vivenciada ao longo da vida. E pode afetar a vida de pessoas trans em vários graus de intensidade. Pessoas trans são levadas a reproduzirem as violências que foram praticadas contra si ao longo da sua experiência enquanto pessoa trans. Isso reflete no desempenho profissional, nas relações afetivas/amorosas e no convívio social de modo geral dessas pessoas, afetadas pelo estímulo social da síndrome do impostor sobre suas experiências.

Fonte: Na prática. Acesse o link: https://www.napratica.org.br/o-que-e-sindrome-do-impostor/#:~:text=Esse%20sentimento%20comp%C3%B5e%20a%20S%C3%ADndrome,seja%2C%20de%20ser%20uma%20fraude.

 

 

Apolo é transgênero, escritor e nordestino. É também educador, acadêmico, linguista, coordenador da pasta de educação do IBRAT (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades) e aspirante a político.

1 Comment

  • Gil
    Posted 4 de agosto de 2022 21:52 0Likes

    Super importante essa reflexão, principalmente quando pensamos pessoas trans e travesti!

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